Mercados por TradingView
Uma das formas mais tradicionais de lucrar na bolsa de valores é comprar um ativo financeiro, aguardar sua valorização, para depois vendê-lo. Porém, existem estratégias que possibilitam ganhos mesmo quando os preços estão em queda. Uma delas é o long & short — você já a conhece?
Essa é uma estratégia que funciona com pares de ativos e pode ser usada em qualquer cenário — seja em períodos de alta ou baixa. Logo, ao utilizá-la, você terá mais flexibilidade nas suas operações e, assim, poderá potencializar seus resultados.
Aprenda neste artigo os principais detalhes sobre a operação long & short e saiba como colocá-la em prática. Não perca!
A palavra inglesa “long”, traduzida, significa “longo”. No mercado financeiro, ela representa a posição “comprada” de um ativo. O termo faz sentido considerando que, em uma operação long (de compra), o operador acredita na valorização do ativo — o que pode levar longos períodos para ocorrer.
Já a palavra “short” refere-se a “curto”, perfazendo no mercado a posição “vendida”. Normalmente, quem opera short busca aproveitar pequenos movimentos de queda do mercado. Isso porque, no geral, é esperado que, no longo prazo, os ativos valorizem. Assim, as vendas precisam ser rápidas.
Portanto, a estratégia long & short envolve assumir duas posições no mercado: uma comprada e outra vendida. O objetivo não é aproveitar da valorização ou desvalorização de um ativo ou derivativo financeiro individualmente, mas a performance superior de um em relação ao outro.
Por esse motivo, uma operação long & short pode ser utilizada tanto no mercado de alta quando no mercado de baixa. Contudo, para que ela funcione corretamente, ambas as operações (compra e venda) devem acontecer simultaneamente. Afinal, os ativos são avaliados em conjunto.
Como você já sabe, o long & short combina uma operação comprada e uma vendida. Contudo, não basta realizar a compra de um ativo e a venda do outro de forma aleatória. É preciso encontrar dois ativos que tenham correlação entre si.
A correlação pode ser meramente estatística ou resultar de uma consequência prática entre eles. Por exemplo, quando o dólar americano valoriza, é esperado que o índice Bovespa (Ibovespa) passe por momentos de queda. Logo, é possível considerar que ambos possuem uma correlação negativa.
Ademais, o especulador também consegue fazer o long & short com ativos que valorizem ou desvalorizem juntos — ou sigam caminhos opostos diante de um mesmo cenário. Desse modo, diversas formas de correlação podem ser aproveitadas.
Após escolher o par de ativos, é normal que o especulador abra primeiro a posição vendida (ponta short). Isso porque, ao fazer a venda, ele já consegue parte ou todo o capital que será necessário para iniciar a posição comprada (ponta long).
Caso a estratégia operacional seja o day trade — em que as posições são abertas e encerradas no mesmo dia —, o trader pode fazer a venda sem ter o ativo. Mas, se a posição for durar mais de um dia (swing trade ou position trade), será preciso alugar o ativo que será vendido e, ao final da operação, devolvê-lo.
A escolha dos pares de ativos varia de acordo com o perfil e objetivos do especulador. Cada trader pode levar em consideração um aspecto subjetivo para definir as correlações existentes. De toda forma, é muito comum observar alguns tipos de correlação específicos, como:
Diversas empresas listadas em bolsa contam com dois tipos de ações: as preferenciais (PN) e as ordinárias (ON). Aquele que compra uma ação PN tem o direito de preferência no recebimento de dividendos. Já o comprador de uma ON pode votar nas decisões importantes da companhia.
Nesse sentido, o preço de cada uma delas pode ser diferente, mas costuma ser próximo. Isso permite a realização do long & short com os ativos em momentos de distância das cotações. Assim, o trader consegue explorar a diferença entre os desempenhos dos papéis.
É bastante comum observar operações de long & short montadas a partir das ações de duas empresas de um mesmo setor. Por exemplo, grandes varejistas podem ter um desempenho distinto, ainda que o cenário do varejo impacte positivamente ou negativamente em ambas.
O mesmo pode acontecer com companhias de outros setores — como mineradoras, metalúrgicas, petroleiras, indústrias de alimentos, construção civil etc. Logo, é possível explorar a correlação de muitas companhias de um mesmo setor ou de setores relacionados.
Muitos traders utilizam, ainda, a correlação entre ações de empresas e índices de mercado para fazer as suas operações de long & short.
Os índices de mercado são formados por uma carteira teórica com diversos ativos pertencentes a um setor ou a um mercado. Por exemplo, o Ibovespa concentra as ações mais negociadas no mercado brasileiro. Já o S&P 500 reúne as 500 ações de maior relevância no mercado norte-americano.
É válido destacar que os índices de mercado não podem ser comprados ou vendidos no mercado à vista, como acontece com as ações. Portanto, o trader precisará fazer uma das pontas no mercado futuro, se posicionando na compra ou venda, com vencimento em data posterior.
Como você já viu, o dólar costuma apresentar correlação negativa com a bolsa brasileira. E muitos traders buscam aproveitar essas distorções. Também podem ser usados pares de moedas, como o dólar em relação ao euro ou iene, e assim por diante.
O custo operacional para montar posições de long & short pode variar de acordo com a corretora de valores escolhida. Elas atuam como intermediadoras obrigatórias entre os participantes do mercado e possuem liberdade para fixar as taxas cobradas.
Então é preciso estar atento à incidência de taxa de corretagem, taxa de custódia e o valor do aluguel de ativos (se for o caso). Além disso, é preciso pagar as custas e emolumentos cobrados pela B3 (a bolsa de valores brasileira).
Sobre o ganho de capital também recai Imposto de Renda (IR). A alíquota é de 15% em operações de swing trade, calculado sobre a diferença positiva entre o valor de venda e o custo de aquisição dos ativos. Caso sejam operações de day trade, o valor a ser recolhido sobe para 20%.
Depois de conhecer o conceito de long & short, como funciona a estratégia e os custos envolvidos, é pertinente conferir as suas vantagens. Uma das principais é não depender apenas de um cenário de mercado para lucrar com as suas operações.
Você viu que existem chances de obter lucro independentemente de o mercado estar em alta ou em baixa. Basta que um ativo tenha desempenho melhor que o outro (seja subindo mais ou caindo menos, por exemplo).
Também conta como vantagem a possibilidade de potencializar seus ganhos caso ambas as posições sejam lucrativas — tanto a compra quanto a venda. Uma operação long & short pode ter diferentes resultados, mas os ganhos tendem a ser maiores quando ambas são encerradas com lucro.
Ainda no campo das vantagens, existe a possibilidade de fazer o long & short mesmo com pouco dinheiro — por meio da alavancagem. Como você viu, o trader consegue levantar parte ou todo o dinheiro que será preciso ao realizar a operação short primeiro.
Contudo, para iniciar uma operação de long & short e operar alavancado, o especulador precisará ter depositada a margem requerida pela corretora e pela B3.
Em relação aos riscos, como toda a operação especulativa, o long & short expõe o trader à volatilidade presente na renda variável. Com isso, além das possibilidades de ganho, o especulador pode experimentar perdas financeiras consideráveis.
Em um cenário em que ambas as pontas resultem em prejuízo, a operação pode consumir boa parte ou todo o capital investido — principalmente se a alavancagem for utilizada. Logo, é preciso ter bastante conhecimento e cautela quando decidir utilizar essa estratégia.
Não esqueça também o perigo de o mercado não se comportar como previsto. Afinal, o risco está sempre presente. Isso significa que vale a pena utilizar ferramentas para controlar os riscos e limitar as perdas — como o stop loss.
Dessa maneira, o long & short pode ser mais apropriado para quem possui o perfil arrojado. É necessário ter um apetite maior aos riscos, bem como preparo para lidar com alta volatilidade e com operações mais complexas.
Após conferir as vantagens e riscos da estratégia long & short, chegou o momento de aprender como construir a operação. No geral, existem dois principais caminhos a serem adotados para se expor a ela: investir em fundos long & short ou montar as operações por conta própria.
Veja mais detalhes!
Os fundos de investimentos são veículos de investimento coletivos. Neles, diferentes investidores se reúnem para se expor a um mesmo portfólio. O capital desses fundos é administrado por um gestor, que fica responsável por escolher os investimentos que serão realizados.
Nesse sentido, é possível encontrar fundos que utilizam o long & short como estratégia operacional para rentabilizar a carteira. Essa é maneira mais fácil de estar exposto a esse tipo de operação, tendo em vista que todo o trabalho é feito por um profissional do mercado.
Mas é importante sinalizar que grande parte dos fundos de investimentos conta com a taxa de administração e taxa de performance — ambas para remunerar o trabalho exercido pelo gestor. O recolhimento dessas taxas pode reduzir sua margem de lucro ou aumentar seu prejuízo.
Ao optar por fazer operações de long & short por conta própria, o primeiro passo será abrir a conta em uma corretora de valores de confiança — a exemplo da Guide. Como vimos, ela será indispensável para você conseguir operar na bolsa de valores.
O próximo passo será depositar a margem exigida para fazer a operação. Lembre-se de que a garantia também poderá ser oferecida a partir de determinados investimentos que você tenha em carteira.
Na sequência, acesse uma plataforma operacional ou home broker para ingressar no ambiente de negociações da bolsa. Feito isso, analise e escolha o par de ativos que você pretende operar.
Se a operação for durar mais de um dia, você precisará alugar o ativo da posição vendida. Posteriormente, inicie a posição short (vendida) e use o dinheiro levantado para abrir a posição long (comprada).
Com ambas as pontas montadas, aguarde o resultado esperado para desfazê-las. Em caso de dúvidas ou dificuldades em realizar essas operações, uma alternativa é buscar informações junto ao atendimento da sua corretora.
Aquele que especula na bolsa de valores precisa entender que não há fórmulas ou estratégias infalíveis para garantir lucro — mesmo porque se trata de renda variável. Porém, algumas práticas podem contribuir para que suas chances de obter resultados positivos aumentem.
Entre elas. Estão:
Muitas pessoas ingressam na bolsa de valores motivadas pela possibilidade de ganhar dinheiro rapidamente. Entretanto, muitas vezes elas não sabem ou ignoram o seu perfil e tolerância aos riscos. E, diante desse cenário, as chances de êxito tendem a diminuir.
Com isso, saber se você suporta o risco de ter perdas financeiras na busca por lucros com a especulação é fundamental. Portanto, realize o teste de suitability enviado por sua corretora, fornecendo informações verdadeiras para que seu perfil possa ser identificado com precisão.
Outro ponto importante é ter objetivos bem definidos. De modo geral, quem busca a especulação visa lucros no curto prazo. Porém, para que isso se torne possível, vale a pena traçar com antecedência o que você espera obter de potencial de lucro — e qual é o prejuízo máximo tolerado.
Quanto mais conhecimento você tiver sobre o mercado e sobre as estratégias utilizadas, maiores serão suas chances de obter bons resultados. Isso porque você saberá como agir em diferentes situações e ciclos do mercado.
Portanto, estude sobre a análise técnica e fundamentalista — ambas são formas de ler o mercado ou um ativo específico. Na primeira, são utilizados gráficos e indicadores para acompanhar as movimentações de preços. Na segunda, os fundamentos de uma companhia ou fundo.
Compreendendo os motivos que influenciam na alta ou baixa dos preços — bem como os dados e informações que atraem investidores para um negócio — será mais fácil de escolher os melhores ativos ou derivativos para operar.
Agora que você já sabe o que é e como funciona o long & short, não deixe de estudar mais sobre essa estratégia antes de começar a operá-la. Como você viu, é possível aproveitar diversas correlações existentes na bolsa de valores e lucrar no curto prazo, mas os riscos também estão presentes.
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